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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

A propósito dos segredos, os esqueletos no armário!

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Há uns dias escrevi sobre o facto de ser quase impossível (nem desejável) manter os segredos. Não falava, obviamente de coisas triviais, que pouco ou nada afectam uma relação, mas de coisas que a outra metade de nós pode sentir como uma facada.

 

Há quem considere, por exemplo, que aquela "pequena" traição, mais vale ficar em segredo, fazendo um pouco como a avestruz quando enterra a cabeça na areia, com a ideia que fica escondida. Sobre as traições, relações fora das relações, muita conversa teria de haver, e haverá. Mas este texto é sobre segredos em geral e os esqueletos que mantemos escondidos no armário. Mais tarde ou mais cedo, alguém vai abrir a porta.

 

Uma leitora lançou-me uma pergunta que me deixou a pensar. Pergunta-me, se eu quereria saber que a minha namorada teve uma relação amorosa com um grande amigo meu (antes de me conhecer) da qual existiu uma gravidez que acabou por não ir até ao fim e que só mais tarde, depois de estarmos juntos, ela ficou a saber da amizade entre os dois?

 

É quase o ponto de partida para um telenovela. Venezuelana!

 

Basicamente, a mulher deste trio amoroso, conheceu um homem num verão, há cerca de dois anos. Desse conhecimento, e alguma inconsciência promovida pelo calor da estação, resultou uma gravidez. A natureza acabou por decidir que a gravidez iria terminar por volta dos três meses de gestação. Pelo meio, o homem em causa, sabendo da gravidez, desapareceu de cena. Até aqui, pelo que é contado, apenas mais um dos que agem como machos, e que depois acabam por recusar a responsabilidade dos seus atos.

 

Mas a história continua. Cerca de um ano mais tarde, conta a leitora, conhece um outro homem num evento e acabam por manter uma amizade. Como ela própria descreve, "nada de especial se passa". Passado uns meses, o novo homem convida a mulher da história para o acompanhar a outro evento. E é aqui que descobre que os dois homens se conhecem há muito tempo. No entanto, nem a mulher, nem o homem que a engravidou há dois anos, dão parte fraca e ignoram-se.

 

Durante todo o evento andaram a fugir um do outro, fazendo tudo para evitar que o homem novo os apresentasse. Conseguiram manter o segredo (de que se conheciam) intacto durante todo o evento.

No entanto, uns meses depois, a amizade deu lugar a uma relação amorosa com este novo homem.

Uma relação "baseada no tempo, calma, respeito...", diz a leitora. 

 

Aparentemente, os dois homens não comentaram a situação nem o responsável pela gravidez contou ao seu amigo de longa data da relação com a sua amiga.

 

A grande dúvida que assola a mulher é se deve ou não contar ao seu novo parceiro o que sucedeu há uns anos, antes de o conhecer. Até porque, como conta, durante estes últimos meses, tem descoberto que há mais pessoas que têm amizades em comum com os dois homens e que, eventualmente, podem saber da história escondida. Uma coisa é certa, a verdade irá ser revelada...

Apesar da questão da gravidez tornar o caso mais "complicado", tratou-se apenas de uma relação antiga. Quem não as teve?

A dúvida na decisão, entre contar ou não, "está relacionada com tudo menos comigo, mas sim com a preocupação de poder vir a estragar uma amizade de anos", diz a leitora. Porque, afirma, se "homem E" (tal como ela descreve o atual parceiro) não gostar e se puser a andar... paciência... a palavra é mesmo essa... paciência. Mas a possibilidade de poder vir a existir azedumes entre eles incomoda-me e bastante".

 

Percebo a dúvida desta mulher. Os homens, quando sentem o seu pedaço de macho ser amachucado, podem ter reações um pouco mais violentas. Tudo depende do estilo de cada um. Por isso, a reação masculina vai depender muito do feitio dos dois. Se tiverem tendência para a violência, é possível que isso seja complicado.

 

Mas, se assim for, quando descobrirem, porque perante todos os dados da história, vão acabar por descobrir, não será pior?

 

Não pretendo ser  conselheiro para estas questões e portanto espero que todos interpretem isto apenas como a minha opinião e a forma como penso que iria reagir se me colocassem perante uma situação semelhante. Porque este homem que escreve o texto, preferia saber da boca da mulher do que descobrir que nas suas costas todos sabiam, menos ele. Não escondo que precisasse de algum tempo para encaixar a bomba, e perceber como iria ser o futuro, quando estivessemos os três no mesmo espaço. É sempre complicado!

 

No entanto, creio que é pior aquela sensação de entrar num espaço onde, mesmo sem querer, quando olham para si só pensam no segredo que você não sabe!

 

Por isso, tendo em conta que a amizade até evoluiu para uma relação amorosa, e se optou, ou não sentia à vontade para lhe contar desse caso antigo (ainda quando eram apenas amigos e descobriu que os dois se conheciam), talvez esteja a chegar o momento. Afinal, este mundo é um ovo, a história é prova disso mesmo.

 

A decisão é difícil e só quem está na relação poderá saber qual a reação do parceiro. Para mim, da forma como sou, apesar de também ter a minha dose de ciúmes, preferia saber. Preferia que me dessem a oportunidade de tomar uma posição sobre o tema. Gostava de poder mostrar que, afinal, até tenho maturidade para lidar com aquilo que o destino nos reserva.

 

Além disso, se tal como diz, a relação atual assenta também no respeito, manter este segredo pode quebrar esse laço de confiança. A reparação pode ser impossível.

 

Quanto à relação de amizade entre os dois homens, talvez haja mudanças. Fiquei sem perceber se são amigos que se conhecem há anos, mas que se encontram apenas ocasionalmente, ou se costumam estar juntos. Se for a primeira hipótese, é provável que a distância se mantenha. Mas, tal como receia a heroína desta história, o mais certo é que haja um afastamento entre os dois. Espero, com civismo.

 

Porque com violência, nada se alcança a não ser uma trivial demonstração daquilo que são as regras mais baixas da condição humana.

 

Apesar de parecer única, esta história deve ser vivida por dezenas de outras pessoas que já passaram pelo mesmo. Com algumas nuances, assim de repente, recordo alguns casos que sucederam com amigos próximos. E, é preciso lembrar, apesar da questão da gravidez tornar o caso mais "complicado", tratou-se apenas de uma relação antiga. Quem não as teve?