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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

A partir de agora vou dizer bem do Pokémon. Não vou nada!

Krabby, apanhado no telefone de um colega 

Antes de tudo, o óbvio. O sucesso viral que o novo jogo da Nintendo teve, ao ressuscitar o famoso Pokémon, dado como extinto por volta de 1999, é de louvar pela ideia brilhante mas, depois do espanto, convém olhar para as coisas com algum distanciamento.

 

Fui "apanhado" de surpresa, em plenas férias, quando, numa consulta ao telemóvel entre banhos, sou invadido por posts de pessoas a falar dos Pokémons. De algo que, assim à distância, se assemelhava a uma caça aos gambuzinos. Sou capaz de apostar que por esse Portugal fora algum geek até já tinha pensado há uns tempos em fazer uma aplicação para caçar gambuzinos e levar o povo em peso a gritar pela rua "gambuzinos ao saco".

 

Mas é dos Pokémons que vamos falar. A aplicação, tal como um vírus, espalhou-se de forma extremamente rápida e tem dado para tudo. Os Pekémons dizem-me pouco. Lembro-me do meu sobrinho ser um fanático do pikachu e companhia, mas pouco mais. Por isso, desde logo, e estando de fora do grupo dos millennial, sinto pouca atração pelos bicharocos.

 

Como já perceberam, se é que as coisas devem ser colocadas desta forma, sou daqueles que não se deixa puxar pelo jogo, apesar de reconhecer o tal mérito tecnológico, principalmente ao nível da utilização da Realidade Aumentada.

 

Mas, aquilo que mais me fascina, e discuto, é a valorização que se está a dar ao facto de "agora", as pessoas sairem para a rua para jogar, passear. Principalmente quando se fala de crianças aquilo que me levanta muitas dúvidas é como há pais que permitem que os filhos passem dias, anos, como li algures, fechados em casa, sem sair à rua, sem ver a luz do sol.

 

É fácil falar, não conhecemos todas as situações. Pois, é verdade. Há casos mais complicados do que outros mas, acima de tudo, há uma sociedade que fecha os olhos e permite que estas situações existam. Porque, sejamos francos, depois de passar a euforia, essas crianças voltam a ficar fechadas em casa.

No dia em que um jogo suplantar as relações amorosas, a humanidade, que já sofre atualmente com a redução da natalidade, pode começar a planear o seu fim.

E, analizando bem a questão, não podemos falar do sucesso em tirar as pessoas de casa se é para o fazerem de olhos postos num telemóvel. Há quem fale dos monumentos, das caminhadas, de conhecer pessoas. Há até quem diga que é melhor do que uma aplicação de encontros amorosos.

 

Eu, que faço parte dos curiosos que até gostava de instalar para poder comentar, tenho um telemóvel que não permite a instalação da app. Mas pergunto, de todas as informações que vão chegando, quantas falam de amizades feitas graças ao jogo? Porque já vi muitas a falar de engarrafemntos de trânsito, de pessoas que entraram em contramão (sim, é suposto o jogo ser jogado a pé), de mortes, de lutas corpo a corpo.

 

A que mais me chocou foi alguém a sugerir que podia ser usada por terroristas para atrair uma multidão a um local e depois fazer explodir uns quantos.

 

Por esse mundo fora, a própria imprensa ficou louca com os Pokémons. Basta ler alguns títulos reunidos aqui.

E uma pesquisa no google devolve dezenas de resultados.

 

Tenho a certeza que a mania vai passar, tal como passou a euforia dos Angry Birds (eu fui um dos que cedo adoptou o jogo da Rovio como o entretém preferido, durante horas). Não o farei com o Pokémon. Primeiro porque nunca fui fã do bicharoco, segundo porque, apesar da maravilha da tecnologia, de ser uma app que aplica a tal realidade aumentada, acho que na sua génese existe algo perverso, que desperta o pior que os humanos possuem. E, finalmente, porque do ponto de vista gráfico e de interação com outros jogadores, a aplicação deixa muito a desejar. Ou, olhando para o copo meio cheio, com muito espaço para fazer melhor. Mas farei uma análise mais técnica um pouco abaixo.

 

Como em todas as coisas que reunem massas, fazer um comentário contra corrente é, por si só, uma espécie de suícidio social. Eu penso de outra forma. Em democracia, todos têm direito à sua opinião. Posso até estar errado, e como humano erro muitas vezes, mas esta análise é feita com base na experiência de quem assistiu ao aparecimento do "fenómeno" de fora. 

 

Em pleno Alentejo, rodeado pela natureza, ouvir notícias de pessoas que se atropelam para "apanhar" uns bicharocos virtuais. Vídeos de multidões de olhar fixado nos telemóveis, aos tropeções, a procurar um bicho no meio de nada. Mais uma vez, caça aos gambuzinos.

 

Não me atrai, e estou nesse direito. Tal como quem joga tem o direito de o fazer. E eu, de ficar pasmado com as atitudes que tomam em plena rua, de olhar fixo num telefone, a sofrer porque alguém vai chegar primeiro ao bicho. Muitos, ao contrário do que se diz, nem sequer apreciam a vista do passeio pois vão com os olhos vidrados no telefone. Verdade seja dita, já era assim antes do jogo!

 

Mas, como já disse, o pior que já ouvi, foi pessoas a louvar o facto da aplicação fazer com que as crianças saiam à rua, como sendo "a" justificação para "premiar" o jogo. Algumas dessas pessoas, as mesmas que criticam a existência de grupos como os escuteiros, que praticam a vida ao ar livre, que há anos fazem jogos de orientação no campo e pelas cidades, obrigando as crianças a caminhar, a aprender cultura, sobre edifícios históricos, a ir a museus para recolher a próxima pista. Pessoas que definem os escuteiros como "jovens vestidos de parvos e parvos vestidos de jovens".

 

Por isso, para aqueles que apenas dizem bem do jogo e são intolerantes para os que o criticam, digo apenas isto: não têm sempre razão. Tal como eu não tenho, mas estou no direito de manifestar a minha opinião e, pelo menos ser coerente na forma como levo a minha vida.

 

Sobre o jogo: As pessoas querem jogar

Como análise mais fria, é impossível escapar aos números. Não é novidade, as pessoas adoram jogar e quando começam com um jogo, o vício ataca rápido. Apesar das centenas, ou milhares de jogos existentes para IOS e Android, os dados relativos a esta nova aplicação ultrapassam tudo o que se poderia imaginar. Veja aqui alguns dados de estudos de diversas empresas.

 

Assim que lançou a aplicação, a Nintendo valorizou em bolsa 76 por cento estando a empresa a valer, atualmente, mais de 30 mil milhões de euros. É fácil perceber este crescimento quando os dados revelados dão conta que os utilizadores gastam cerca de 1.2 milhões de dólares por dia em compras na aplicação.

 

Em relação aos dados de utilização, destaca-se o gráfico que mostra o tempo médio que os utilizadores de IOS passam na aplicação, comparado com outras de topo, como o Facebook, que fica em segundo lugar. Os dados, claro, são do mercado norte americano.

Gráfico com o tempo que cada utilizador passa no Pokémon Go

Para Portugal, ainda não existem dados disponíveis, que eu conheça à data de hoje, mas pelo que se vai vendo, a adesão também tem sido grande. Já se vêem algumas desistências, daqueles que experimentaram pela curiosidade, mas é um facto que já se fala que a Nintendo tem planos para manter o jogo no topo. As batalhas mano-a-mano (que irão permitir aos menos "profissionais" conquistar alguns confrontos, coisa que atualmente se torna difícil perante os mais experientes), ou a troca de bonecos, já que isto também é uma coleção de cromos.

 

Outro aspecto positivo que encontro nesta iniciativa, serão os novos jogos que certamente irão surgir depois da inovação de Pokémon Go. Mas isto, como digo, é um jogo, não a solução para tirar as ciranças de casa. Para essas situações, é crucial haver medidas sociais mais agressivas.

 

E como num caso como este pouco há a fazer, pelo menos convém zelar pela segurança. A polícia espanhola, por exemplo, divulgou uma lista de cuidados a ter enquanto se joga. Por cá, a Polícia de Segurança Pública também aderiu ao jogo com boa disposição na sua página de Facebook.

 

 

E também já publicou um post, na sua página de Facebook, com conselhos de segurança:

 

A euforia vai vingar depois do verão?

Esta é a pergunta milionária. Se olharmos bem para a aplicação, deixa muito a desejar em termos de design e funcionalidades. Deixando de lado a parte em que recorre à câmera do telefone para a tal realidade aumentada, colocando os pokémons em cima das mãos, nos teclados, ou em qualquer outro espaço, assemelha-se muito àquilo que há uns anos foi moda: o second life, mas com menos interação.

 

Para uma aplicação que se vende como uma possibilidade de novos encontros entre pessoas, é muito solitária. Não se consegue ver os avatars de quem está nas imediações, não permite o diálogo através de um qualquer sistema de mensagem e mesmo a questão das batalhas é algo muito isolado. Basicamente, um jogador deixa um pokémon num local, pronto para a batalha que apenas ocorrer se algum outro jogar passar pelo local e decidir aceitar o confronto.

 

Depois, há ainda as dezenas de crashs que ocorrem na aplicação e, no meu caso concrecto, que consegui usar um Huawei P8 Lite para testar, além de não conseguir jogar, o resultado é o que se vê no vídeo abaixo.

 

 

Pokemon go a tripar num @Huwaeiportugal p8 lite.

A video posted by Conversa de Homens (@conversa_de_homens) on

 

Já agora, se tiverem um P8 Lite (ou outro modelo) e suceder o mesmo, partilhem as vossas experiências nos comentários.

 

Observando na rua quem vai jogando, não se trata propriamente de um passeio de convívio. Mesmo quando vão aos pares, vai cada um debruçado sobre o seu telefone, à espera de caçar o próximo Pokémon.

 

Quanto aos números terem ultrapassado a aplicação Tinder, de encontros amorosos, fico com receio do futuro da humanidade. Porque no dia em que um jogo suplantar as relações amorosas, a humanidade, que já sofre atualmente com a redução da natalidade, pode começar a planear o seu fim. Exagero, claro, mas percebem a ideia.

 

Do ponto de vista de utilização de bateria, a aplicação exige muito dos telefones. Não corre em background, avisando, por exemplo, os jogadores que estão perto de um Pokémon raro. Além disso, mesmo com alguns truques, como desligar a câmera (no canto superior direito) a necessdiade de estar sempre ligado, que é o que tem feito o sucesso dos números da aplicação, vão obrigar a ter por perto um carregador.

 

Em resumo, penso que depois de passar a euforia que o jogo trouxe, uma verdadeira nostalgia para quem, na década de 90 via os desenhos animados, o jogo irá sofrer o ajustamento e ficar ao nível de tantos outros que já foram euforia como o Farmville, Flappy Bird ou até o Candy Crush. 

 

No entanto, com tanto espaço para crescer, nomeadamente ao nível da interação entre jogadores, será possível à Nintendo manter o interesse no jogo. O negócio, que pode ir além do próprio jogo, das compras na aplicação, está a despertar a atenção de empresas que se querem associar a este fenómeno. Pode, por exemplo, existir uma determinada marca interessada em pagar para haver nos seus espaços comerciais um Pókémon exclusivo, ou tornar esse espaço numa espécie de campo de batalha que obriga à presença de jogadores.

 

Mas aqui, já se entra no campo das previsões.

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