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Conversa de Homens

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Existe um novo paradigma de masculinidade. O Homem Deixou de ser um parvalhão, passou a ser uma pessoa!

Hoje estou triste e irritado, por causa de conteúdo de merda!

youtubers.jpeg Hoje estou assim, triste e irritado. Ao olhar para o Jornal de Notícias de 4 de maio, que estava aqui em cima de uma mesa, um grande destaque para a "vida de luxo dos youtubers portugueses". É este o título que chama a atenção para um grupo de jovens que se fecharam numa casa, ao estilo Big Brother, numa estratégia de marketing que visa fazer crescer, ainda mais, a sua rede de seguidores que, no total, ascende a 11 milhões.

 

Mas não são os números que me entristecem, é o que se passa naqueles vídeos. Curioso, fui procurar e cliquei logo no primeiro deles e não faço referências a nomes porque, honestamente, custa-me fazer publicidade a este tipo de conteúdo. vejo dois ou três, para ter a certeza que não estou a cometer uma injustiça ao dizer alto e bom som: "Mas que merda é esta?". E porque razão têm estes vídeos milhões de visualizações e seguidores?

 

Num deles, nada mais do que um rapazola, que deveria estar a trabalhar e a preparar o seu futuro, a fazer experiências com ácido sulfúrico. Dentro do que aparenta ser uma garagem sem as mínimas condições de arejamento, dedica-se a replicar uma experiência que até já existe feita por outros energúmenos no Youtube, a queimar esponjas despejando em cima delas ácido sulfúrico.

 

O que me chateia nisto, não é o facto do rapaz se poder queimar, ficar com os pulmões danificados por causa da inalação dos fumos resultantes da queima, mas sim porque, tal como são rotulados pelas empresas que os patrocinam, são influencers. Ou seja, influenciam os millenials, jovens que olham para eles como exemplos de pessoas que, a fazer asneiras, podem ganhar milhões. Tal como referem na "notícia" do Jornal de Notícias, deixaram de estudar para se dedicar a esta vida de youtubers.

 

Estou triste porque a minha filha está a crescer, não a vou fechar numa redoma, e sei que vai ser influenciada pelas modas, tal como eu fui quando era jovem. Tal como sou enquanto adulto. Mas, quando era novo, as coisas parvas demoravam mais a propagar-se e quando chegavam, por norma, já se sabia dos efeitos nefastos, das tragédias ocorridas por experiências levadas a cabo pela ignorância da juventude.

 

Hoje, com três anos, pega no telemóvel e mexe como se já tivesse nascido ensinada. Vê um qualquer ecrã  e arrasta com o dedo, está totalmente focada nas tecnologias. Não sei se é bom ou mau mas sei que consegue descobrir o Youtube, consegue navegar, e quando dou por mim, está a ver todo o tipo de vídeos.

Nos negócios, vale quase tudo. Mas recuso aceitar que possa prevalecer a aposta em conteúdo de merda. 

Vamos deixar de lado o facto de eu poder, simplesmente apagar as aplicações, ou nem sequer a deixar mexer. Ela vai ter acesso de que forma for. Eu, ainda me lembro da forma como conseguia furar as proibições para ter acesso à Gina e Playboy. Ainda me lembro da moda que consistia em tentar fazer desmaiar o outro com pressão no peito.

 

Quando um jovem lê este artigo de um jornal de renome e pensa no que vai ser quando for grande, talvez youtuber seja a profissão certa. Porque, certamente, olha para os pais, a trabalhar honestamente, a não os vê ser alvo de notícias e muito menos titulados de milionários.

 

Quem paga a parvoíce destes jovens? As empresas cujos olhos brilham pelos milhões de seguidores, empresas que querem estar junto dos millenials. Mas, será a melhor estratégia estar junto a conteúdo de má qualidade? E não me venham com o argumento dos milhões porque isso consegue-se comprando tráfego.

 

Abro aqui um parêntesis para salvaguardar que lá pelo meio haja algum vídeo cuja qualidade até me possa convencer, mas recuso-me a vê-los a todos.

 

Há dezenas de sites que vendem tráfego, likes, "amigos" para as redes sociais. É isso que as empresas, as marcas que investem em publicidade procuram? Então, talvez seja bom recomendar que todos comecem a fazer vídeos parvos, a colocá-los no Youtube e a montarem uma estratégia de angariação de seguidores. Ao primeiro milhão, haverá jornais, televisões, a fazer notícia e a contribuir para um crescimento viral ainda mais rápido. Daí, aos 11 milhões, é um pequeno passo.

 

Se uma empresa me pagar 2 mil euros para fazer um vídeo a dizer asneiras e a queimar esponjas com ácido, ou a pegar fogo a um carro, porque não, posso gastar 700 a comprar tráfego, 100 mil visitas garantidas. No segundo, já me vão pagar mais e posso comprar um pouco mais, e por aí adiante.

 

Pessoas do marketing, talvez esteja na altura de abrir os olhos e começar a olhar para a qualidade. Jovens ou velhos, o conteúdo deve ter qualidade. Pode ser diferente mas, já agora, "bora" lá gravar uns vídeos a apalpar uns rabiosques no metro. Pelo meio, levamos umas valentes chapadas mas são visualizações garantidas!

 

Quanto aos pais, se forem como eu, fujam das empresas que apoiam este tipo de comportamentos, se não for isso que querem que venha a influenciar os vossos filhos! Lembram-se do que se passou no Reino Unido, quando o Grupo Havas decidiu retirar todas as campanhas do Youtube porque os seus anúncios estavam a aparacer junto a conteúdo extremista e xenófebo? Isto sucedeu porque o responsável do Grupo Havas do Reino Unido sentiu isto mesmo. Mas rapidamente foi abafado pelo CEO internacional, que quem sabe, com receio de represálias do próprio Google, fez uma declaração a afirmar ter sido uma decisão local e que iria averiguar o que se teria passado.

 

Há pessoas a colocar conteúdo útil no youtube, e alguns deles com uma qualidade de realçar (não falo de gravação ou ediçao, mas de conteúdo) mas não são esses a valer os tais milhões. Porque será?

 

Nos negócios, vale quase tudo. Mas recuso aceitar que possa prevalecer a aposta em conteúdo de merda. E sim, merda é uma palavra feia, mas talvez seja esta a única que vão memorizar de tudo o que escrevi!

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